o caminho ressacado e cansado fez silêncio. a estrada escura nem sequer existiu, começou no céu a arder e foi temperada com uma mão de coentros e duas chávenas de terra. no alentejo a viagem começa sempre depois do motor se desligar, quando chego e descalço os all star e fico só eu, os meus calções e o casaco de capuz que pede para ser fechado antes de te abraçar. contigo nunca tenho vergonha de falar de sonhos nem de medos - ouço-te quase com os olhos - nem te mostro as costas para chorar - és parte de mim -, acredito na vida depois da morte - no futuro das tuas cartas - e digo-te, embrulhada na manta do alpendre, que queria que o meu coração se deixasse apaixonar.