
já não me lembrava do farol e da luz que acende de noite. já não me lembrava do teu colo quando ainda cabia lá com o Tiago e não conhecia a Cata. e não me lembrava da tua barba e nem sei se brincámos com esse peixe de papel ou se o lançámos de novo ao mar. só sei que sou eu porque o meu corpo maior ainda se dobra no teu colo, e os pés ainda voam quando te vejo. mas basta-me olhar para vocês para saber que o balde dos castelos e da água era amarelo e que brincávamos aos pescadores e aos barqueiros no pontão, depois dos mergulhos e dos montinhos de conchas. ensinem-me a parar o tempo. ou mudem a ordem natural das coisas.