daqui a um mês já é natal. de hoje a 30 dias exactos já passaram muitas horas e eu vou fazer o balanço dos teus braços. já não arrisco dizer quanto duram e já não me deixo esperar pelo próximo. mas daqui a um mês vai haver luzes de luz, e os papéis dos embrulhos já vão ser cinzas no pó da lareira, e eu vou ter as mãos cheias de amêndoas torradas daquelas estaladiças, com barulho de rebuçado trincado, enquanto me embalo no degrau da sala a pensar nos braços de abraços. de hoje a 30 dias exactos já passaram tantas horas que vou estar pronta para fechar o ano e já vou ter as amêndoas, as nozes e os pinhões pesados e organizados por quantidade de açúcar. a contagem iniciada a contra-relógio e os frutos a estalar na boca. este ano foi tão doce tão meu e eu vou levar horas - essas tantas horas que já passam entre hoje e daqui a um mês em 30 dias - a contar abraços por unhas, e depois rugas e palmas e dedos, e depois o calor das mãos e o caminho pelos teus braços que se fecham nas costas, e vou ter de fazer conjuntos de frutos secos para ti, enquanto desejo que te percas para sempre nas amêndoas das minhas mãos.