Um dia vou escrever folhas de livros com os pés enterrados na areia. Vou acordar quando o sol me aquecer demais o corpo e adormecer devagar, todas as noites calmas com vento de alfazema. Às vezes sinto o peito maior que isto e quero mais.
É quero ou preciso?
Ou quero?
Quando me sinto, o ritmo não é este. Tem mais terra e menos pó. Os dias são mais luz e a noite mais escura. A noite escura porque às vezes temos de saber perder-nos. Há sempre uma voz que me canta amores ao longe, de longe, amores que estão longe. Depois do pôr-do-sol. A minha hora preferida. Baixinho. Ouves-me? E aí o coração aperta. Fecho os olhos e imagino-me noutro sítio, mais meu e mais eu. A direcção é oposta, não foi por estas palavras que me apaixonei. São palavras a que me empresto, mas não são minhas nem sou eu. O caminho segue exactamente para o outro lado e cheira a hortelã e a canela e a compota de morangos. O sabor tem tanto de açúcar como de sal, guarda gotas do mar em que molho os pés todas as manhãs e testemunha estes quatro braços apertados. Sal. Flor-de-sal. Adoro esta palavra. Quatro braços apertados. A paixão aperta, já sabias isso. O que eu queria mesmo era ser erva-de-cheiro e paz-de-papel-composta, para colar estas palavras nas folhas e escrever-me páginas e páginas com capa dura. É que amo de morte essa vida mas não tenho coragem.
É quero ou preciso?
Ou quero?
Quando me sinto, o ritmo não é este. Tem mais terra e menos pó. Os dias são mais luz e a noite mais escura. A noite escura porque às vezes temos de saber perder-nos. Há sempre uma voz que me canta amores ao longe, de longe, amores que estão longe. Depois do pôr-do-sol. A minha hora preferida. Baixinho. Ouves-me? E aí o coração aperta. Fecho os olhos e imagino-me noutro sítio, mais meu e mais eu. A direcção é oposta, não foi por estas palavras que me apaixonei. São palavras a que me empresto, mas não são minhas nem sou eu. O caminho segue exactamente para o outro lado e cheira a hortelã e a canela e a compota de morangos. O sabor tem tanto de açúcar como de sal, guarda gotas do mar em que molho os pés todas as manhãs e testemunha estes quatro braços apertados. Sal. Flor-de-sal. Adoro esta palavra. Quatro braços apertados. A paixão aperta, já sabias isso. O que eu queria mesmo era ser erva-de-cheiro e paz-de-papel-composta, para colar estas palavras nas folhas e escrever-me páginas e páginas com capa dura. É que amo de morte essa vida mas não tenho coragem.