Vamos começar pelo princípio, é sempre por aí que devemos começar. Cada princípio tem dois fins - o que é antes das primeiras peças que despertam e o que vem (não fica) depois da vida. Simultaneamente, cada fim guarda dois princípios. Conhecemos a história das portas e das janelas e dos portões na versão italiana mas os olhos que julgam pela palavra não podem senão menosprezar os fins. Já nos é tão penosamente difícil obrigar o coração a bater, mesmo que num ritmo mais lento, mesmo que pouco, mesmo muito baixinho, mesmo quase parado, vá lá coração, faz isso por mim, o peito que arde e as mãos vazias que não pesam e querem tanto pesar, querem tanto ter corpo e volume e pele e querem tanto ter outra mão, mas vá lá coração, faz lá isso por mim.
Queria só dizer-te que, de cada vez que digo que se me deres a mão e me deixares apertá-la com força contra o peito adormeces num instante, e tu me dás a mão e me deixas apertá-la com força contra o peito e adormeces em segundos, acredito nos princípios. Mais, acredito nos fins, com a mesma intensidade com que te aceito e guardo a mão. Tudo o resto foi caminho. Tudo o resto foram curvas e palavras destas mãos que pesam boas. Tudo o resto fui eu que me perdi. Era este o princípio e era por aqui que devia ter começado.