10 maio 2009

há sempre qualquer coisa que se descobre numa despedida

Arrumei este quarto pela última vez. Está calor e a janela está aberta a deixar entrar o cheiro da rua onde cresci. Esta semana os livros e os sapatos que temos partilhado mudam-se em caixas para sempre e hoje já senti saudades algumas vezes. Mais poucos dias e o quarto ganha uma vida nova, livre de pés trapezistas e pastilhas elásticas na parede. O meu quarto novo é branco, tudo branco-crescido porque é assim que o imagino desde há muitos anos. A cama vai comigo até um dia se tornar demasiado pequena. A almofada velha também se muda esta semana para aquele quarto virado ao pátio. Aqui já não me resta muito tempo. A aparelhagem toca música de partida, a banda sonora perfeita para um sincero pedido de desculpa pela constante desarrumação e um agradecimento pelo cantinho de telhado onde gosto de pôr os pés.

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