A minha primeira vez de tudo é assustadora. Dói na barriga, dá vontade de fugir, de voltar atrás e de dizer que já não quero, que ainda não posso ou que sou a minha irmã gémea. A primeira vez corre sempre verdadeiramente mal. Digo tudo o que não devo, tropeço no banco, fico presa na porta, entorno o copo, torço o pé no buraco, depois parto o salto e mais alguma coisa que nem sequer é minha, rasgo as calças num prego e engano-me no nome de todos. É qualquer coisa como nível zero menos sete. Tudo o que é novo começa na segunda oportunidade, quando lá chegamos. Quando lá chegamos.
Se tivesse andado na natação quando era pequenina hoje não tinha ido tão nervosa. Evitava a pergunta "temos de nos molhar primeiro?", pois claro que temos. E não tinha ido o caminho todo a pensar se virava para a esquerda ou para a direita, depois da última rotunda. Nem tinha tido de ligar à minha mãe a fazer fitas, a dizer não quero, acho que não vou, não quero ir sozinha, tenho vergonha porque já sei que isto vai correr mal. Era a primeira vez, claro que ia correr mal. Queria ter começado as aulas logo no terceiro dia, já com amigos, um lugar na pista, um corredor só meu para flutuar e a saber o nome dos netos da senhora que me ultrapassou pelo menos duas vezes e a quem eu dei com os pés outras duas. Estava a concentrar-me numa rã. Nas patinhas de trás de uma rã-rápida-veloz-nadadora. E distraí-me.
O meu alinhamento é este: tem dificuldades até em seguir a recta das linhas laterais das bóias e dos traços pretos grossos no fundo da piscina. Ziguezagueia por ali, como sabe. E como tudo o resto, a primeira aula de natação foi precisamente o que estava à espera: perdi o fato-de-banho no balneário, convenci o instrutor de que a minha maior acrobacia dentro de água era simplesmente "não ir ao fundo", fui contra um rapaz a nadar de costas, fiquei trancada dentro do edifício, entrei pelo campo de pólo com uma prancha desequilibrada pelas ondas, levei com 4 bolas dos engraçadinhos do pólo aquático que têm aqueles troncos maravilhosos mas muito pouco cérebro e bebi mais água que durante a semana passada inteira. E como qualquer criança que vai à piscina, sou quase um peixe, foi uma festa, fiz três amigos, quero voltar lá todos os dias, tenho uma touca pastilha-elástica sempre mal colocada, precisei que a minha mãe me fosse entregar uma toalha e voltei para casa sem a roupa interior.
Tudo o mais é surpresa. Toda a vida que não conheço sabe a novo e a outra também sabe. Mas a primeira vez vai (ser tão boa e) correr mal.
Se tivesse andado na natação quando era pequenina hoje não tinha ido tão nervosa. Evitava a pergunta "temos de nos molhar primeiro?", pois claro que temos. E não tinha ido o caminho todo a pensar se virava para a esquerda ou para a direita, depois da última rotunda. Nem tinha tido de ligar à minha mãe a fazer fitas, a dizer não quero, acho que não vou, não quero ir sozinha, tenho vergonha porque já sei que isto vai correr mal. Era a primeira vez, claro que ia correr mal. Queria ter começado as aulas logo no terceiro dia, já com amigos, um lugar na pista, um corredor só meu para flutuar e a saber o nome dos netos da senhora que me ultrapassou pelo menos duas vezes e a quem eu dei com os pés outras duas. Estava a concentrar-me numa rã. Nas patinhas de trás de uma rã-rápida-veloz-nadadora. E distraí-me.
O meu alinhamento é este: tem dificuldades até em seguir a recta das linhas laterais das bóias e dos traços pretos grossos no fundo da piscina. Ziguezagueia por ali, como sabe. E como tudo o resto, a primeira aula de natação foi precisamente o que estava à espera: perdi o fato-de-banho no balneário, convenci o instrutor de que a minha maior acrobacia dentro de água era simplesmente "não ir ao fundo", fui contra um rapaz a nadar de costas, fiquei trancada dentro do edifício, entrei pelo campo de pólo com uma prancha desequilibrada pelas ondas, levei com 4 bolas dos engraçadinhos do pólo aquático que têm aqueles troncos maravilhosos mas muito pouco cérebro e bebi mais água que durante a semana passada inteira. E como qualquer criança que vai à piscina, sou quase um peixe, foi uma festa, fiz três amigos, quero voltar lá todos os dias, tenho uma touca pastilha-elástica sempre mal colocada, precisei que a minha mãe me fosse entregar uma toalha e voltei para casa sem a roupa interior.
Tudo o mais é surpresa. Toda a vida que não conheço sabe a novo e a outra também sabe. Mas a primeira vez vai (ser tão boa e) correr mal.