15 janeiro 2008

Desnuda

O carteiro de Pablo Neruda sabe-me sempre a primeira vez e a coisas importantes e grandes que duram para sempre. Há um mar com barulho de ondas de verdade nos seixos da praia. Há livros de poemas e desejos soltos em folhas e metáforas. Há um homem que se apaixona daquele amor-que-não-cabe-no-peito. Há cartas que viajam em papel e têm letras antigas de tinta permanente. Há a cadência da espera nos dias demorados dos beijos que viajam de bicicleta. Há palavras. Assim, só, porque as palavras têm magia que não se explica.

E há uma senhora com cabelos brancos que diz que um homem que toca uma mulher com palavras demora muito pouco tempo a tocar-lhe com as mãos. E podia estar a contar a minha vida ou simplesmente a saber tão perfeitamente o que diz.

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