Era uma vez o meu álbum preferido há 8 anos atrás. Tantos anos. Era o meu primeiro Natal de Alentejo quando a minha melhor amiga mo ofereceu. Com geada e lareira do tamanho das pessoas grandes. E o céu. Hoje já não é. Desaprendemo-nos. Desgostámo-nos. Mas nessa altura, há 8 anos, ela era a minha melhor amiga. Há precisamente 8 anos, e todos os anos antes desse, gostámo-nos infantilmente. Brincámos aos descobridores. Aos fantasmas cantores e famosos e artistas. Às fumadoras-de-chá debaixo do pinheiro grande no fundo do pinhal. Às cicatrizes de sobreiro e poças de água. Música longe lá. E depois, uma vez, ele desapareceu. Ela também. Perdi-os. Com os anos, esqueci o nome do álbum e também a esqueci. Ontem reencontrei-o finalmente. A sensação foi a mesma - o cabelo ficou mais curto, as unhas mais roídas, os joelhos mais arranhados, a alma mais fantasma-fumadora. A minha melhor amiga reencontrada nestas músicas.
Chama-se A força que nunca seca, é da Maria Bethânia. Era uma vez o meu álbum-vida preferido, há 8 tantos-tantos-anos atrás.