
Dúvida, de John Patrick Shanley
A peça é fantástica, é mesmo uma das melhores que já vi. A música, sem mais, enche a sala quando o veludo desce da teia e as sombras tomam o lugar da luz, sempre escura, sempre só latente. Das interpretações, ficam os silêncios intercalados com os gritos calmos de raiva ou desespero - ou dúvida. Fica a aspereza e a doçura, sempre fingidas, a preto e branco, com máscaras de creça profunda.
E, no fim, trazemos o escuro e o som e o nada e o vazio. Ou o tudo. Trazemos as penas dos boatos nos telhados e as incertezas. Trazemos, mais que isso, o desespero de saber que temos [que tenho] dúvidas, tantas dúvidas e que, mesmo assim, temos de agir - é esse o limite da liberdade. O que é que fazemos quando não sabemos o que fazer?
Quero noites de sombras e pianos - é incrível a pequenez que sinto quando me envolvem. E a grandeza de espírito. A calma da minha paz. Quando saírem, fechem as cortinas.